CIRURGIAS DA MAMA

MASTECTOMIA

A mastectomia é a cirurgia mais conhecida para o tratamento do câncer de mama e consiste na técnica que promove a retirada total da glândula mamária.

A evolução do conhecimento médico sobre o câncer propiciou mudanças nesta técnica, tornando-a menos radical e mantendo a segurança oncológica. Através de estudos e ensaios clínicos nas últimas décadas, concluiu-se que a retirada da glândula mamária pode ser realizada preservando grande parte da pele da mama e/ou preservando a aréola e mamilo, o que propiciou o desenvolvimento de técnicas de mastectomia associado ao uso de implantes (chamada de reconstrução mamária com próteses ou expansores). Em casos selecionados, a remoção cirúrgica da glândula mamária preservando a aréola e o mamilo (nipple sparing) e a mastectomia preservando grande parta da pele da mama (skin sparing) se mostraram seguras para o tratamento oncológico em termos de cura, sobrevida livre de doença e de recidiva local do câncer de mama.

A mastectomia também pode ser realizada em pacientes sem câncer, mas com alto risco de desenvolvimento para a doença (portadores de mutações genéticas para o câncer). Nesse caso é chamada de Mastectomia Redutora de Risco. Um exemplo desta cirurgia foi a realizada pela atriz Angelina Jolie.

QUADRANTECTOMIA/SETORECTOMIA

A quadrantectomia, também conhecida como cirurgia conservadora da mama ou setorectomia, é uma técnica descrita desde a década de 80 do século XX, quando revolucionou o tratamento para o câncer de mama.

Nesta técnica cirúrgica, há remoção parcial do tecido mamário juntamente com o tecido tumoral. Esta abordagem tem a vantagem de ser uma cirurgia menos radical que a mastectomia, com um menor tempo cirúrgico, além de possuir segurança oncológica, taxas de cura e de sobrevida global semelhantes à cirurgia de mastectomia. Para tanto, há necessidade de margens cirúrgicas livres de células do tumor e a complementação com a radioterapia da mama.

Esta técnica também pode ser utilizada para tumores benignos e outras doenças que requerem margens livres.

PESQUISA DO LINFONODO SENTINELA

O linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo a receber a drenagem linfática da mama. Baseado neste conceito, desenvolveu-se a técnica de pesquisa do linfonodo sentinela na cirurgia do câncer de mama, pois este linfonodo também é o primeiro a receber as células tumorais da mama com neoplasia maligna.

Esta técnica é realizada com a injeção intradérmica subareolar (preferencialmente) de azul patente, azul de metileno ou tecnécio antes da incisão cirúrgica, em casos de carcinoma invasivo (histologias ductal e lobular).

A pesquisa do linfonodo sentinela é contraindicada em pacientes que tenham linfonodos axilares suspeitos ao exame clínico ou linfonodos com diagnóstico de infiltração por células tumorais (metástase de carcinoma). Também é contraindicada nos casos de câncer de mama que se apresentam clinicamente como carcinoma inflamatório.

LINFADENECTOMIA AXILAR

Os linfonodos axilares, que são estruturas do sistema linfático, podem ser sede de algumas neoplasias malignas, inclusive do câncer de mama. A linfadenectomia axilar é a cirurgia de retirada dos linfonodos axilares.

É uma cirurgia considerada radical e pode deixar sequelas permanentes na paciente como a dormência/parestesia da face medial do braço ipsilateral ou risco de linfedema (inchaço importante do braço pelo acúmulo de linfa) no membro superior.

Está indicada a linfadenectomia quando há linfonodos axilares endurecidos/fusionados após o tratamento quimioterápico e na cirurgia sem tratamento quimioterápico prévio, que possuem linfonodos clinicamente patológicos. Outra indicação da linfadenectomia axilar é quando existe comprovação do acometimento linfonodal através da análise intraoperatória do linfonodo sentinela (biópsia de congelação), embora estudos internacionais publicados como ACOZOG Z011 e AMAROS já mostrem benefícios da omissão da linfadenectomia em casos selecionados.

E por fim, quando há falha na pesquisa do linfonodo sentinela na realização da mastectomia oncológica (mastectomia para o tratamento do câncer de mama), há a necessidade da realização da linfadenectomia axilar.

CIRURGIAS REPARADORAS / RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA

A cirurgia para tratamento do câncer de mama tem sido revolucionada nas últimas décadas pelo emprego técnicas de reconstrução mamária com o objetivo de diminuição das sequelas físicas e psíquicas decorrentes do tratamento oncológico, muitas vezes radical. As técnicas reparadoras ou de reconstrução mamária usam o emprego de retalhos (segmentos corporais com vascularização e inervação próprias) e implantes mamários (próteses de silicone e expansores de tecido) com o objetivo de diminuir o impacto cirúrgico do câncer de mama.

As técnicas mais comuns que usam retalhos são: retalho miocutâneo do músculo Grande Dorsal (associado ou não a implante), o retalho Tóraco-Epigástrico, o retalho Miocutâneo Transversal do Reto Abdominal (TRAM) e a associação de técnicas com retalhos da própria mama (no caso das mamoplastias pós-quadrantes).

Outras técnicas de reconstrução compreendem o uso de implantes. No caso da mastectomia radical, pode ser usado o expansor de tecidos para posterior substituição pela prótese definitiva. No caso da mastectomia poupadora de aréola e mamilo (Nipple Sparing Mastectomy) e na mastectomia poupadora de pele (Skin Sparing Mastectomy), a reconstrução imediata com prótese de silicone é bem estabelecida.

Por fim, existem técnicas de reconstrução da aréola e mamilo, seja por acometimento da doença por perda dos mesmos por necrose em cirurgias prévias de mastectomia com reconstrução.

GINECOMASTIA

A cirurgia de ginecomastia é a cirurgia para a remoção do tecido mamário no sexo masculino. Estes pacientes que apresentam o desenvolvimento da glândula mamária podem optar por essa cirurgia, que consiste na remoção da glândula mamária preservando a aréola e mamilo. Em alguns casos, pode ser necessária a plástica da aréola, remoção do excesso de pele e uso de técnica de lipoaspiração.

MAMA SUPRANUMERÁRIA

A remoção da mama supranumerária consiste na remoção cirúrgica do tecido ectópico. Dependendo do volume, também pode ser necessário o emprego lipoaspiração. Para esta cirurgia, o ideal é que a paciente esteja no peso ideal ou próximo dele. É uma cirurgia que, invariavelmente, necessita do uso de dreno no pós-operatório.

NODULECTOMIA

Consiste na retirada cirúrgica de nódulos ou tumores benignos, sem a necessidade do uso de critérios oncológicos de margem de segurança. É uma cirurgia que pode ser realizada tanto para nódulos pequenos ou grandes, palpáveis ou não, sob anestesia local ou geral, a depender do tamanho da lesão. O exemplo mais comum é a cirurgia para o fibroadenoma.